segunda-feira, 31 de maio de 2010

Quase chegando lá !

Durante esta semana aconteceram momentos muito bons. Acredito que o “despertar” de um aluno para a descoberta da leitura é simplesmente maravilhoso. Fiquei muito feliz quando ao perceber que, antes havia uma aluna na turma lendo e agora, têm mais quatro começando a ler pequenas palavras. Estes estão a um passo da descoberta da leitura. Eles estão muito felizes e querem ler o tempo todo. Não existe sabor mais gostoso do que contemplar o brilho no olhar de uma criança nos dizendo: - Eu estou conseguindo! – Eu estou lendo!
Conhecer um objeto é agir sobre e transforma – lo, apreendendo os mecanismos dessa transformação vinculados com as ações transformadoras. Conhecer é, pois, assimilar o real às estruturas de transformações, e são as estruturas elaboradas pela inteligência enquanto prolongamento direto da ação. (Piaget, 1970a, p.30)
Os acontecimentos desta semana, relacionados à aquisição do conhecimento por parte dos educandos, me remetem aos ensinamentos de Piaget , quando ele admite , pelo menos, duas fases:
Fase exógena: é a fase da constatação, da cópia, da repetição. Fase em que a grande maioria da turma ainda se encontra, porém está prestes a sair dela.
Fase endógena: fase da compreensão das relações, das combinações. Esta fase pressupõe uma abstração, segundo o autor podendo ser reflexiva ou empírica. A abstração empírica retira as informações do próprio objeto, enquanto que a reflexiva só é possível graças às operações, ou melhor, das coordenações das ações. Isto é, a partir das próprias atividades, ações do sujeito. Logo, percebo que meus alunos estão começando a realizar abstrações que implicam reflexão para constituir uma reorganização mental, e assim, por conseqüência deste processo de equilibração, as estruturas mentais estão se organizando e se reorganizando, para a assimilação, para a construção do conhecimento, da aquisição da aprendizagem.
Creio que posso começar a pensar que estou a alcançar os meus objetivos do estágio:

MEUS ALUNOS DURANTE A REALIZAÇÃO DE UMA ATIVIDADE,TENDO O OBJETIVO DO ALUNO SER CAPAZ DE IDENTIFICAR OS FONEMAS E GRAFEMAS NAS PALAVRAS DITAS POR MIM.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Aprendizagens Significativas

Meu estágio está transcorrendo sem maiores problemas. Porém tem momentos em que sinto um desconforto interior referente às minhas práticas pedagógicas. Às vezes tenho a sensação de que estou cometendo uma violência, por não estar “considerando” o conhecimento prévio que as crianças trazem consigo para a Escola, porque em alguns planejamentos isto se torna impossível, pois são prontos e não é possível a flexibilidade para alguma alteração.
Leio e releio buscando “memorizar” as práticas pedagógicas do dia seguinte. Digo memorizando porque minha tarefa é reproduzir exatamente o planejamento, conforme os manuais do Programa trazem. Desenvolver essa prática que eu não criei que na maioria das vezes não condiz com a realidade e necessidade das crianças é pra mim, algo que não está sendo muito fácil.
Como podemos criar, planejar uma aula e saber se ela realmente contempla a necessidade, a realidade, o contexto deste aluno sem conhece – lo?
Este método exige que o aluno seja disciplinado e que tenha banido dos seus desejos, o desejo de brincar. Espaço para a recreação? Nem pensar! È preciso dar conta do programa, do contrário, corre-se o risco de o aluno não apropriar- se deste conhecimento que lhe é apresentado através deste método, chamado Metafônico, que este Programa de Alfabetização traz . Esta situação me remete às palavras de Carlos Drummond Andrade, quando diz: "Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem."
Nestes últimos dias, as crianças estão muito agitadas e apáticas para o aprendizado. O tempo chuvoso e úmido há quase duas semanas, não possibilitou a ida delas ao pátio da escola para brincar, correr, gastar um pouco da imensidão de energia que elas possuem. Embora não tendo este “direito”, quando estão inquietos demais, os levo por dez a quinze minutos para o pátio. Por isso, acredito que a falta de brincar, correr tenha sido outro fator, que também contribuiu para o comportamento anteriormente descrito à aprendizagem, foi a intensa movimentação na escola devido à organização da festividade, alusiva ao Dia das Mães e a escolha do garoto (a) e Broto (a) Januário Corrêa transcorrida ontem, sábado dia 22/05.
Na turma todos os alunos são novos na escola, vindos de Escolas de Educação Infantil, qualquer alteração na rotina da escola ou da aula é o suficiente para sentirem-se inseguros e agitados. Na maioria do tempo, enquanto transcorre a aula, eles têm como o desejo maior da turma, o brincar.
Refletindo sobre o saldo das aulas, decidi então seguir as orientações dos meus supervisores, embora não poderia, pois este Programa de Alfabetização, Alfa e Beto, não permite qualquer alteração, porque não pode - se correr o risco de não dar conta do programado dentro do tempo determinado por ele. Mas de que adiantaria ou qual contribuição para a aprendizagem, àquela situação de “indisciplina”, somaria?
Foi então, que busquei trabalhar Mapa Conceitual, antes, porém fiz a alteração necessária no planejamento de sexta feira, dia 21/05. Substitui os exercícios do Manual da Consciência Fonêmica: Exercícios 9 e 10. Porém, este tempo não foi suficiente. Foi preciso também, ocupar o espaço de tempo reservado para a realização das atividades do livro Aprender a Ler – Bloco Correto: Exercícios 23 a 25 e, ainda a Aula 14 de Ciências , porque as crianças levaram muito tempo para fazer as ilustrações da seqüência da “história”- Parlenda. No principio, os alunos ficaram aflitos com a proposta, pois eles tinham que prestar atenção compreender e interpretar para realizar o mapa conceitual. Pedi que realizassem as ilustrações conforme os acontecimentos e seqüência. Depois pedi que me contassem a história na ordem e fizessem as ligações entre os acontecimentos. Foi bastante construtivo, porque desafiou os alunos e foi possível perceber o quanto essa forma de alfabetizar, com tudo pronto, deixa o aluno bloqueado para a criatividade.
Tenho observado durante estas últimas aulas, que as crianças tem mais facilidade de ler ( lêem com alegria e empolgação) as palavras citadas por eles e tendo a participação deles na escrita destas palavras na lousa. É notório que as crianças têm mais facilidade de ler, diferente das palavras que o programa traz. È a questão do partir do próprio aluno.

Exemplo: palavras criadas pela turma:
navio - banana - danado - caniço - Neide - Renata - nata - natureza - nada -

São palavras que trouxeram algum significado para eles.

Palavras do programa

Nini - numa - nenê - nulo- neli - nunu

São palavras vazias de significado, logo não acontece o esperado.


Imagem do MC da Parlenda: A galinha Pintadinha da aluna Eduarda ( atividade realizada na sexta - feira)

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Apropriação de Novas Aprendizagens

Durante esta semana de estágio aconteceram momentos muito bons, tanto eu quanto os alunos tivemos momentos de aprendizagem significativa, acontecendo a apropriação do conhecimento para ambos, diferente da semana anterior em que as crianças mostravam – se apáticas referente ao o que estava – lhes sendo proposto. Situações ocorridas, tais como conversas intensas, atritos em eles e outras situações de indisciplina que em determinados momentos inviabilizavam a aprendizagem, que me deixaram bem aflita. Para compreender os acontecimentos, os momentos conflitantes e o comportamento apático, em alguns momentos, em relação a aprendizagem dos alunos, fiz um paralelo comparando as duas últimas semanas. Para a compreensão deste comportamento e estágio da aprendizagem, busquei luz nos estudos da epistemologia da aprendizagem e do conhecimento humano, os mesmos referenciam as práticas investigativas e educacionais e evidenciam a aprendizagem como um processo de produção de conhecimento e também, de investigação.
“Epistemologia é a teoria do conhecimento valida e, mesmo que esse conhecimento não seja já mais um estado e constitua sempre um processo, e esse processo, é essencialmente a passagem de uma validade menor para uma validade superior”. (Piaget, 1978, p.14)
Partindo deste principio percebi que acontece um desacomodar-se, quando o novo entra em cena para o aluno. Em função desse desequilíbrio, o aluno é posto diante de um novo desafio, no primeiro momento ele responde ao desconhecido que lhe é apresentado com certa apatia ou então, com “indisciplina” agitação. Com o transcorrer das atividades sobre este “novo” acorre a assimilação e posteriormente volta novamente a acomodação. Conferi esse processo nestes três últimos dias de aula, quando estávamos nas últimas aulas da lição 4. Lição correspondente a consoante M. Fiz essa relação comportamental, pois o mesmo ocorreu nos últimos dias da semana 3, quando estávamos então, concluindo o estudo da lição 3 correspondente a consoante L.
O método fônico é basicamente repetição, exige que o aluno tenha disciplina e muita concentração, o que vem sendo uma dificuldade em muitos momentos da aula, principalmente como citado anteriormente, quando estou na introdução da letra nova. Tenho percebido que eles sentem certo desinteresse no inicio da nova lição, e com o passar das aulas, esse comportamento de apatia vai diminuindo, se desestabilizando, eles vão se familiarizando com o fonema e igualmente com o grafema em estudo e, com isso, as aulas vão ficando mais gostosas, mais produtivas contemplando a aprendizagem. Nesta semana concluímos as aulas sobre a letra M, e para minha surpresa uma aluna leu um textinho, que culmina a lição 4 do livro para a turma, sem eu precisar auxiliar. Foi uma euforia, comemoraram, ficaram muito felizes com a colega. Porém, logo aproveitei o momento e comentei que todos conseguirão ler, assim como a colega. Mas para isso, é preciso compreender a correspondência existente entre o som e a letra, e que algumas pessoas necessitam de um tempo maior do que outras. Por isso, temos que nos esforçar e ao mesmo tempo respeitar o colega, que está demorando um pouco mais, pois todos juntos estamos aprendendo a cada dia. ( fiz essas colocações para a turma, pois percebi alguns olhinhos tristes me dizendo que estavam apavorados, que ainda não estavam conseguindo ler como a colega).
Portanto, estou igualmente me preparando psicologicamente para a próxima semana, pois certamente será bem agitada e provavelmente acontecerá nova desacomodação, pois segundo palavras da professora Jaqueline Picette, durante a interdisciplina de Alfabetização, “irei tirar os moveis do lugar, ou seja, vou trocar todos os móveis de lugar”, digo, apresentarei uma nova letrinha a eles, a letra N, que corresponde a lição 5 do Programa. Então, certamente ocorrerá o desequilíbrio novamente, fator necessário para que ocorra a aprendizagem.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Ao abrir das cortinas

O ato de ler e escrever deve começar a partir de uma compreensão muito abrangente do ato de ler o mundo, coisa que os seres humanos fazem antes de ler a palavra. Até mesmo historicamente, os seres humanos primeiro mudaram o mundo, depois revelaram o mundo e a seguir escreveram as palavras. Paulo Freire.
Esta fala de Paulo Freire me leva a refletir sobre minha sala de aula. Tenho vivenciado a perda de momentos e ou, situações que poderiam ser o ponto de partida para um fazer pedagógico provocador, motivador, que certamente envolveria o aluno, sua história seu mundo. Isto tem acontecido por estar atuando numa turma de primeiro ano, tendo que trabalhar o Método Fônico. È um Programa de Alfabetização que vem pronto. Portanto, não contempla a leitura do mundo do aluno, nem datas comemorativas ou qualquer outro evento que o calendário escolar tenha em sua programação, o que é uma lástima, porque muitos momentos ricos para uma aprendizagem significativa, relevante para o educando, se perde infelizmente, pois existe um tempo determinado para a execução das práticas que devem ser aplicadas dentro dos prazos. O brincar é banido quase que na sua totalidade, do contrário não é possível dar conta da programação.
De acordo com autores, percebo que a relação dos alunos com a leitura e a escrita dependerá de como ele será apresentado aos primeiros textos e de como isto será trabalhado pela família, pela escola e por entidades que desenvolvem um trabalho com responsabilidade. Temos alunos que apresentam dificuldades de decifração dos códigos, a falta de hábito para a leitura e a falta de preparo de adultos para motivar a leitura acabam ocasionando uma escrita também limitada e pouco reveladora das potencialidades de nossas crianças e pouco útil para o exercício de cidadania.
No transcorrer das aulas da última semana, ficou evidente a importância de trabalhar a partir do conhecimento prévio que o aluno traz consigo. Cada um tem sua bagagem que não poderá ser ignorada, é aí que entra o método de ensino, não podemos citar este ou aquele método e afirmar que o mesmo é único e sim bom é aquele método que leva o educando ao encontro da construção do seu próprio saber. Não podemos ignorar fatos, datas importantes do cotidiano do aluno, pois estes podem ser os horizontes para uma aprendizagem significativa.

Maria Izabel da Cunha em “O Bom Professor e sua Prática”, fala da responsabilidade do professor e da necessidade de constante aprendizagem docente para eliminar transtornos entre professor e alunos, que desestimulam o interesse que pode existir por ambas as partes. Diz que a formação do professor é um processo, que acontece no interior das condições históricas em que ele mesmo vive que faz parte de uma realidade concreta e determinada, que não é estática e definitiva e, sim, uma realidade que se faz no cotidiano. Por isso, é importante que este cotidiano seja desvendado. Afirma a autora:
Por fim, novamente levanto a importância que os programas de formação e de educação de professores precisam dar à dualidade competência técnica e compromisso político. Uma pedagogia transformadora só se dará com o concurso de ambas as dimensões. O esclarecimento do significado de cada uma é fundamental para que se operacionalize uma prática eficiente e comprometida. Mas ficam algumas certezas: somente um mutirão, um esforço coletivo pode transformar vidas e proporcionar uma nova leitura de mundo onde cada novo dia se abre como uma página nova a ser escrita. Somente a educação pode fazer com que cada cidadão seja personagem principal de sua história e autor livre de cada capítulo de sua vida. E somente o trabalho desinteressado de pessoas que “doam de si sem pensar em si” pode assinar embaixo das histórias de vida de pessoas que exercem seus direitos, sobretudo o direito de ser feliz.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O Desenvolvimento Humano e as Práticas Pedagógica

A Psicologia concentra esforços em compreender o homem em todos os seus aspectos, englobando fases desde o nascimento até o seu mais completo grau de maturidade e estabilidade. Tal esforço, conforme mostra a linha evolutiva da Psicologia tem culminado na elaboração de várias teorias que procuram reconstituir, a partir de diferentes metodologias e pontos de vistas, as condições de produção da representação do mundo e de suas vinculações com as visões de mundo e de homem dominantes em cada momento histórico da sociedade.
Estas considerações me remetem à reflexão sobre o fazer pedagógico em sala de aula. É preciso ter sempre em mente os questionamentos: Quem são meus alunos? Qual é seu mundo? O que buscam? Para que buscam? Como buscam?
Dentre as diferentes teorias, a de Jean Piaget (1896-1980), que é a referência desta reflexão, se destaca de outras, pelo seu carácter inovador quando introduz uma “terceira visão” representada pela linha interacionista que constitui uma tentativa de integrar as posições dicotómicas de duas tendências teóricas que permeiam a Psicologia em geral - o materialismo mecanicista e o idealismo - ambas marcadas pelo antagonismo inconciliável de seus postulados que separam de forma estanque o físico e o psíquico.
Temos em sala de aula, crianças inquietas, curiosas, outras já nem tanto, sendo mais tranquilas com menos interesse no aprender, no descobrir, construir o conhecimento.
A Psicologia objetivista, privilegia o dado externo, afirmando que todo conhecimento provém da experiência; e a Psicologia subjetivista, em contraste, calcada no substrato psíquico, entende que todo conhecimento é anterior à experiência, reconhecendo, portanto, a primazia do sujeito sobre o objeto (Freitas, 2000:63).
Piaget formula o conceito de epigênese, argumentando que "o conhecimento não procede nem da experiência única dos objetos nem de uma programação inata pré-formada no sujeito, mas de construções sucessivas com elaborações constantes de estruturas novas" (Piaget, 1976 apud Freitas 2000:64). Quer dizer, o processo evolutivo da filogenia humana tem uma origem biológica que é ativada pela ação e interação do organismo com o meio ambiente - físico e social - que o rodeia (Coll, 1992; La Taille, 1992, 2003; Freitas, 2000; etc.), significando entender com isso que as formas primitivas da mente, biologicamente constituídas, são reorganizadas pela psique socializada, ou seja, existe uma relação de interdependência entre o sujeito conhecedor e o objeto a conhecer.
Logo entende – se que cada indivíduo é único, com suas características físicas, biológicas e psíquicas. Portanto, cada um difere do outro, nas suas capacidades, tempo, individualidades, diferenças e semelhanças. Temos que atentar para estas questões, a fim de que tenhamos o cuidado de não cair no erro de que podemos avaliar todos da mesma forma, e sim, é preciso compreender e respeitar o tempo que cada um necessita para a assimilação e acomodação acontecerem. Enfim, se torna importantíssimo o resgate da autoestima do educando devendo o professor estar atento e buscar resgatar no aluno a capacidade que todos têm, através de atividades que o envolvam, instigue, que o façam perceber autor do seu processo de aprendizagem. Pois os processos de assimilação e acomodação são complementares e acham-se presentes durante toda a vida do indivíduo e permitem um estado de adaptação intelectual. Segundo Piaget (...) É muito difícil, se não impossível, imaginar uma situação em que possa ocorrer assimilação sem acomodação, pois dificilmente um objeto é igual a outro já conhecido, ou uma situação é exatamente igual a outra.