segunda-feira, 26 de abril de 2010

Observações e Aprendizagens

Refletindo sobre minhas práticas, em sala de aula, identifico a sede e a capacidade de aprender e construir o processo de aprendizagem em cada sujeito. Cada um com suas diferenças, suas formas e jeitos de ser e de buscar.
Tenho diante de mim todos os dias vinte e dois rostinhos lindos, com os olhinhos brilhando cheios de curiosidade sobre a aula do dia. São muitas as novidades diárias que, cada um precisa contar seus sonhos e fantasias. São fantasias de seis anos de idade, pois é essa a faixa etária da classe. Elas, as crianças, estão ali diante de mim com os olhos a me dizer. Qual será a nova brincadeira que você trouxe hoje pra gente? Com certeza vai ser legal! Mas nem sempre posso corresponder às expectativas destes pequenos anjos, e ainda tenho que lembrá-los de que, também estão ali para estudar. Que é preciso que aprendam identificar e decodificar letras e sons, ou seja, grafemas e fonemas, que temos que dar conta do Programa de Alfabetização e que iremos brincar sim, mas de forma diferente, isto é com rimas, trava-línguas, cantigas folclóricas, enfim, brincando com as letras e sons. E sobre as brincadeiras de seis anos, estas só poderão ser realizadas, caso sobre tempo, talvez no finalzinho da aula.
Segundo Miguel Arroyo (1995), nos fala sobre a necessidade de pensarmos cada idade como uma identidade própria, realização própria, não enquanto preparo para uma outra idade, em nome da busca de um adulto perfeito sacrificamos a infância e a juventude, colocamos em segundo plano o lúdico, a imaginação, pois estamos mais preocupados em formar bons escritores e leitores, dependendo do método, acabamos por não dar importância a fase de desenvolvimento emocional em que essa criança de seis anos se encontra e deixamos de respeitar as diferenças que existe dentro do grupo de alunos.
A dimensão do lúdico, da imaginação nos anos iniciais tem possibilidade de acontecer numa perspectiva inter, trans, multidisciplinar. Porém, sabemos que nem sempre isto é possível, pois tudo irá depender do método aplicado, de como podemos realizar as práticas pedagógicas com nossas crianças.
Hoje é comum a fala sobre Ciência Cognitiva da Leitura. Este é o termo usado para referir-se ao paradigma predominante sobre alfabetização A Ciência Cognitiva da Leitura é um ramo da psicologia cognitiva que agrega e integra conhecimentos das neuro-ciências, da psico-lingüística e da psicologia cognitiva para compreender os fenômenos relacionados ao ensino e aprendizagem da alfabetização.
Enfim, fiquemos na torcida para que as fronteiras das disciplinas, das áreas, ou dos Programas que chegam prontos e cronometrados a nós, professores, não existam para as crianças.. de forma que venham a não contemplar todas as fases do desenvolvimento humano dos sujeitos envolvidos no processo.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Refletindo Sobre Alfabetização

Ao longo da história, a leitura e a escrita foram privilégio de poucos que, após esse primeiro aprendizado, continuavam seus estudos. Com o passar do tempo, mais pessoas se alfabetizaram, mas os índices avançaram em um ritmo muito lento. Hoje, caminhamos para a universalização da educação básica, porém desigualdades estiveram presentes em matéria de escolarização, pois apenas uma minoria tinha esse direito básico atendido.

Enquanto o IBGE, em suas estatísticas, considera alfabetizada a pessoa capaz de ler e escrever pelo menos um bilhete simplesmente no idioma que conhece, o conceito de alfabetização foi ampliado, chegando-se a considerar alfabetizado aquele que “sabe usar a leitura e a escrita para exercer uma prática social em que a escrita é necessária” (Magda Soares, 2003).

Nessa perspectiva de uma educação de igualdade e Boa Escola para todos, o governo do Estado do Rio grande do Sul tem investido fortemente na busca de uma educação transformadora e de qualidade, visando-a desde os primeiros anos do Ensino Fundamental. Com estas concepções, desde 2009, temos a implantação de Programas de Alfabetização nas Escolas Gaúchas. A instituição em que estou realizando meu estágio aderiu o Programa Alfa e Beto de Alfabetização, do Instituto Alfa e Beto. É um programa fechado, cronometrado e traz o método Metafônico. Segundo João Batista Araújo, autor e orientador do programa, o método é uma forma de alfabetizar ludicamente, embora sendo uma rotina bem intensa para a faixa etária.

As crianças devem estar na escola, estar na escola, é importante para a socialização, porém somente isso não garante o desenvolvimento das competências cognitivas necessárias, para dar continuidade da escolarização com sucesso. Essa afirmação implica refletir sobre quais conhecimentos são mais relevantes e quais competências e habilidades são imprescindíveis para o cotidiano de nossas crianças na sociedade letrada. Portanto, é preciso dar as crianças acesso às diferentes áreas do conhecimento, assegurando-lhes a inserção social para além da escola.


(...) processo de pensar as ações de sala de aula de modo amplo e abrangente, é um meio para facilitar e viabilizar a organização do trabalho e os atendimentos às necessidades dos alunos; é uma atitude crítica do educador diante de seu trabalho docente. Planejar é assumir e vivenciar a prática social docente como processo de reflexão permanente. (SMOLE, 1996, p.175)

Não basta apenas saber o que significa e quais as implicações de saber ler e escrever aos seis anos. A alfabetização exige, além de domínio teórico, compromisso, solidariedade, responsabilidade no enfrentamento da questão, um trabalho de envolvimento dos diferentes sujeitos do processo ensino-aprendizagem.

Para Freire, (1996, p.56) em Pedagogia do Oprimido: O mundo da cultura que se alonga em mundo da história é um mundo de liberdade, de opção, de decisão, mundo de possibilidade em que a decência pode ser negada, a liberdade ofendida e recusada.

A sala de aula é realmente um espaço mágico, nela acontecem diferentes situações, descobertas, principalmente quando as crianças estão no período do ciclo da vida que diz respeito à segunda infância, mais precisamente na idade dos cinco a seis anos.

Segundo Cunha (1999, p.27), o sujeito será sempre o resultado da “interação da informação hereditária com seu meio, de maneira que, como salienta Piaget, ao analisar o resultado da interação, não se pode atribuir importância menor nem ao sujeito nem ao meio, na sua constituição”, o que significa que a causalidade não pode ser atribuída a um deles apenas. CUNHA, 1999, P. 27 apud de MARQUES, 2005, p. 02.

Dentro dessa perspectiva percebo a importância de proporcionar a criança condições de interagir com os demais em um ambiente propício para aprendizagem, não subestimando a capacidade destes sujeito de aprender, principalmente do sujeito enquanto criança.

Todos os aspectos de desenvolvimento físico, emocional, social e cognitivo continuam inter-relacionados, neste período. O comportamento é predominante egocêntrico, mas a compreensão da perceptiva, o brincar, a criatividade e imaginação tornam-se mais elaborados. A independência, o autocontrole e cuidado próprio aumentam, porém a família ainda é o núcleo da vida, embora outras pessoas, de suas relações comecem a ter importância.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Refletindo sobre a sala de aula

Observando meus alunos de 1º ano percebi que a sala de aula é realmente um espaço mágico, nela acontecem diferentes situações, descobertas, principalmente quando as crianças estão no período do ciclo da vida que diz respeito à segunda infância, mais precisamente na idade dos cinco a seis anos.
Todos os aspectos de desenvolvimento físico, emocional, social e cognitivo continuam inter-relacionados, neste período. O comportamento é predominante egocêntrico, mas a compreensão da perceptiva, o brincar, a criatividade e imaginação tornam-se mais elaborados. A independência, o autocontrole e cuidado próprio aumentam, porém a família ainda é o núcleo da vida, embora outras pessoas, de suas relações comecem a ter importância.
Para Freud (apud Papalia, 200) o comportamento é governado não apenas por processos conscientes. O mais elementar dentre tais processos inconscientes, conforme Freu, é uma pulsão sexual instintiva, à qual ele chamou de libido, presente no nascimento e formadora da força motivadora por trás, virtualmente de todo o nosso comportamento.
A personalidade é formada por estruturas, e as mesmas vão se desenvolvendo com o tempo. Estas estruturas são: o id, em que a libido está mais centrada, o ego, elemento muito mais consciente que funciona como o executivo da personalidade e o superego, o centro da consciência e da moral, incorporando as normas e limites morais da família e da sociedade.
Analisando, a teoria do desenvolvimento humano nesta fase da vida do sujeito, torna-se possível a compreensão sobre a necessidade do brincar, principalmente, do esconder-se em pequenos espaços e espiar o corpo um do outro, ficar bem juntinhos em esconderijos, conversar muito, pequeno espaço de tempo de concentração para a realização das atividades.
Talvez fosse importante repensar essa questão, de alfabetizar as crianças aos seis anos de idades, pois acredito estarmos queimando etapas do desenvolvimento natural, estamos talvez forçando um amadurecimento precoce. Embora o discurso afirme que os Programas de Alfabetização implantados, tragam em sua íntegra a ludicidade, é muito cobrar destes pequenos sujeitos que têm tanto ainda a descobrir de forma natural, através do brincar por brincar simplesmente.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Meu Estágio, Meus Alunos

Durante este semestre, todas as atenções estão voltadas ao estágio. São muitas dúvidas, e a ansiedade resolve, em alguns momentos, tomar conta do meu interior. As dúvidas, as incertezas de como será me trazem estes momentos de tensão. Isto acontece por eu não ter a certeza de que estou no caminho certo, no que diz respeito à construção das atividades do curso, postagens, etc. Pois ainda tenho certa dificuldade em administrar alguns espaços e ferramentas virtuais. Estas “descobertas” requerem tempo, e este, é algo bem reduzido devido à carga horária que tenho. Estou com regência de duas turmas de 1º ano, ambas estão no Programa Alfa e Beto, e é com a turma do turno da tarde que realizarei o meu estágio. Como os livros do referido Programa chegaram somente na última semana de março, aproveitei o transcorrer destes dias para conhecer um pouco mais dos meus alunos. Fiz atividades mais lúdicas, brincamos, trabalhamos com tinta, massa de modelar, recorte e colagem, rasgaduras, enfim, diferentes atividades com o objetivo de trabalhar a motricidade fina e a coordenação motora ampla, a socialização, já que a maioria veio da Educação Infantil, e tendo em média 6 anos de idade. Este será um ano cheio de novidades, grandes desafios, pois regência de 1º ano eu nunca tive, o Programa Alfa e Beto é algo novo pra mim, os alunos são todos novos na escola, estão em processo de adaptação. Neste tempo de sondagem e conhecimentos dos meus alunos, percebi que são crianças bem agitadas, barulhentas, adoram conversar e passear na sala durante a aula. Foi possível observar o déficit de atenção por parte de um percentual significativo da turma, porém são bem afetuosos entre eles, e também em relação a minha pessoa. Segundo Doris Pires Vargas Bolzan, 2001, pág. 268, em suas reflexões sobre os saberes e fazeres na escola traz a temática do conhecimento compartilhado, no qual ensinantes e aprendentes ensinam e aprendem juntos. È desta forma que me vejo em meio a tantas novidades. Acredito que estou aprendendo muito com estes seres, tão pequenos, e tão cheios de brilho, de curiosidade de vontade de conhecer e vivenciar momentos novos. A autora chama a atenção dos educadores de que é preciso estar preparados, pois a velocidade das transformações dos saberes não permite que a escola centre-se, apenas nos seus fazeres. È necessário avançar, preparando os sujeitos para promover mudanças, através do conhecimento significativo. Portanto é fundamental ter clareza dos caminhos a seguir, determinar os saberes a serem explorados e desenvolvidos no currículo escolar. O ensino precisa partir do real, pois os alunos vêm carregados de conhecimentos prévios e possuem maneiras próprias de aprender. Esse trabalho deve ser apropriado por professores e alunos envolvidos nesse processo. Foi possível constatar as afirmações da autora durante o Projeto de Páscoa, que desenvolvi com a turminha. Tive que fazer alterações, pois se fez necessário mudar alguns fazeres em meu planejamento, ou seja, acrescentar ideias trazidas por eles, e as mesmas trouxeram significativas pinceladas a construção do conhecimento, como também na socialização. As alterações foram mais acentuadas na culminância do projeto, que foi uma apresentação artística alusiva sobre a Páscoa. Esta foi praticamente elaborada, criada pela turma. A cada dia, a cada ensaio surgiam novas idéias que eram acrescidas buscando melhorar a atividade, e assim, professora e alunos envolvidos, foi possível a atividade culminar numa linda apresentação, que deixou os presentes emocionados.

Em seu texto, O Despertar, Lúcia Helena Marques Carrasco fala que os professores devem despertar para si, e nesse despertar buscar transformação. Esta mudança começa a surgir no momento em que acordamos para a realidade que nos cerca e passamos a analisar nossas ações, refletindo sobre nossos fazeres e sobre o nosso aluno, a história de cada um, o conhecimento prévio que cada um traz consigo, o ser de cada um, o que é o que deixa de ser importante para ele. “Logo, não é possível fazer uma reflexão sobre o que é educação sem refletir sobre o próprio homem”. (Freire, 1984, p.27)


Imagens da apresentação alusiva a Páscoa










Vida nova, fatasia de criança.








Trabalhando cores primarias.








Alegria da Festa da Páscoa.








Pequnos atores.








Todo o elenco.