sexta-feira, 18 de junho de 2010

Finalizando Conclusões

Agora já concluindo o estágio, me ponho a refletir sobre esta caminhada. Caminhada em que os saberes se encontraram, entrelaçaram, foram e voltaram, como se fossem uma brisa que vinha nos visitar batendo levemente em nossa pele e fazendo-se perceber, e ao mesmo tempo nos remetendo ao sabor do retorno, daquilo que buscamos com afinco e amor.
Ao iniciar o estágio, eu sabia de antemão de que não seria um aprendizado fácil. Tinha consciência de que poderia encontrar dificuldades, até porque tudo que é novo resulta em certa ansiedade. Mas este estágio foi uma experiência ainda maior para minha aprendizagem, para minha qualificação de educadora, pois tinha que desenvolvê-lo dentro de um Programa de Alfabetização, um programa fechado, engessado digamos assim. Inicialmente confesso, fiquei assustada com o novo que estava diante de mim e ainda a ser desenvolvido num período de estágio supervisionado na graduação.
Logo, esta minha reflexão vem a ser ilustrada pelas palavras de Paulo Freire, em Pedagogia da Autonomia que nos dizem: “A responsabilidade do professor, de que às vezes não nos damos conta, é sempre grande. A natureza mesma de sua prática eminentemente formadora, sublinha a maneira de como o realiza”. (1996, p.65)
Para minha concepção, acreditava ser impossível ter sucesso com aquelas “ensinagens”, ou aquela forma de trabalhar, metodologia, que todo aquele mundo de material, oferecido pelo Programa, livros e mais livros, ao todo seis exemplares, para os alunos manipularem. Imaginem crianças aos seis anos de idade dar conta de seis livros!
E também, um mundo de livros para eu ler e me preparar para dar aula. Este material é uma espécie de guias orientadores, com cronogramas, instruções etc.
Mas infelizmente todo este material, não contempla o contexto, as vivencias, o conhecimento empírico que o aluno, ao chegar à escola, traz consigo. Esta bagagem é totalmente ignorada pelo programa. Analisei muito, busquei me inteirar nele, e conclui que principalmente, com os ensinamentos de Paulo Freire e Jean Piaget somados e entrelaçados com a proposta do Programa poderia aprimorar minhas práticas pedagógicas. E assim, aos poucos fui visualizando novas possibilidades, junto às orientações dos professores orientadores de estágio, tanto que as últimas aulas estavam sendo maravilhosas.
Vivemos momentos prazerosos e de construção significativa de saberes. Isto passou a ocorrer quando me senti com mais autonomia, no sentido de contemplar as minhas práticas de modo que envolvessem os alunos fazendo com que estes se percebessem agentes de suas construções, colocando-os dentro do contexto das ações. Por exemplo: A questão dos apelidos entre os alunos era uma constante. Em uma das lições do Programa referente ao fonema N, havia um texto sobre este tema. O texto tratava de um menino que se chamava Manuel, mas todos o chamava de Mané, e ele ficava muito triste por não gostar do apelido que lhe deram. A partir deste gancho trabalhamos os apelidos da turma. Fizemos levantamento sobre os apelidos entre todos os alunos da Escola, através de uma entrevista. Construímos um gráfico sobre os apelidos bons e ruins encontrados na colete de dados, confeccionamos placas sobre estes apelidos e elaboramos um texto colaborativo sobre o assunto. , etc. Estas como outras, foram aprendizagens significativas pelo fato do tema fazer parte do mundo dos alunos.
Durante o desenvolvimento do projeto, as crianças despertaram para a leitura parecendo pipocas estourando na panela. Que felicidade que os olhinhos daquelas “criaturinhas” demonstravam a cada nova palavra que descobriam.
Com essa aprendizagem reforço a responsabilidade do professor, da qual Freire fala e que, às vezes, não nos damos conta de sua dimensão e acabamos por pecar com nossa prática enfadonha, que afasta o educando da construção do processo de suas aprendizagens e, ainda acreditamos que estamos ensinando algo a ele.

Um comentário:

Patricia Grasel disse...

Que bom Anete que o estágio fez bem para sua prática docente, que bom saber que fez diferença vc ao iniciar e ao finilizar seu estágio, isso é muito bom, passar pelo estágio e fazer o estágio, pelo visto vc nao simplesmnete passou pelo estágio, mas o fez com comprometimento e qualidade.
Parabéns