segunda-feira, 21 de junho de 2010

Autonomia + autoridade = Professor orientador, mediador

Refletindo sobre meu estágio, logo o meu pensamento e minhas concepções, sobre as construções dos saberes, vão de encontro às palavras de Paulo Freire em Pedagogia da Autonomia" É o meu bom senso que me adverte de que exercer a minha autoridade de professor na classe, tomando decisões, orientando atividades, estabelecendo tarefas, cobrando a produção individual e coletiva do grupo não é sinal de autoritarismo de minha parte. É a minha autoridade cumprindo o seu dever" (Freire.1998, p. 68). Em outras palavras, no desenvolver de suas práticas pedagógicas, a presença do professor como orientar, é muito importante para dar andamento ao processo de ensinar e aprender e durante esta construção conduzir os alunos de forma que os mesmos possam de forma autônoma chegar às suas conclusões, estabelecendo hipóteses, certezas e incertezas para chegar ao produto final, sua aprendizagem.
Durante meu estágio, inicialmente, senti-me um pouco sem essa autonomia, pois temia em função do Programa de Alfabetização, porque acreditava que deveria segui-lo sem nenhuma alteração, pois o mesmo venho até mim pela Secretaria de Educação do Estado e sendo um Programa fechado, com instruções de que deveria ser aplicado em sua íntegra, tal quais suas instruções. Mas minha angústia foi grande, percebia que a cada aula, eu estava mutilando meus princípios como educadora. E pior do que isto é ver a curiosidade, a imaginação que as crianças têm aos seis anos de idade, e eu ali, simplesmente repetindo tudo aquilo que o Manual de orientações do Programa instruía a fazer. Isto na primeira semana foi muito cruel. Meu senso crítico me cobrava, trazendo à minha consciência, a autoridade de professor cumprindo o seu dever, e me questionava a todo o momento. Se continuasse o meu fazer pedagógico daquela forma, onde então estariam as arquiteturas pedagógicas? As construções dos alunos? Entendia que estava simplesmente repetindo algo, que alguém criou para alunos, que este alguém, o autor do Programa, desconhecia e negando a realidade, o mundo, as necessidades destes sujeitos. Sentia-me realmente muito mal comigo mesma, e refletindo sobre aquelas aulas “mecanizadas”, busquei enriquecê-las, com o auxílio das orientações dos meus professores orientadores da graduação. Então busquei, dentro das propostas do programa, propor metodologias de forma mais envolventes, fazeres em que os alunos se tornavam agentes de suas construções e eu tomei a postura de uma orientadora, e não mais aquela postura de professor que tem o sabedoria e que tem a missão de depositá-la no individuo que está vazio de saberes. Por exemplo: O livro do Aluno, do Programa, trouxe uma história chamada: Chapeuzinho vermelho de raiva. Esta história fala de uma Chapeuzinho e de uma Vovó moderna, que escuta música de Rok, anda de motocicleta, ambas vivem na cidade e o lobo não existe mais. Fiz provocações aos alunos questionando – os sobre o que poderia ter acontecido com o lobo, o porquê de ele não estar na história, o que poderia ter acontecido com a floresta, qual seria a idade da Chapeuzinho etc. Foi incrivelmente maravilhosa esta atividade, os alunos trouxeram várias hipóteses sobre o que poderia ter acontecido, sobre quais os motivos da história já não ser mais a mesma. Entre elas, o desmatamento, a urbanização e os meios de comunicação foi os que mais me chamaram a atenção. A nossa criança de hoje traz todo um conhecimento, uma leitura de mundo, de vivencias que não podemos ignorar, e sim trazê-las para dentro da sala de aula, e entendê-las como suporte para a construção do processo de aprendizagem. Propondo diferentes atividades, a partir das propostas do programa, que incentivavam os alunos a irem em busca de respostas e de tentar resolver suas dúvidas através de seus conflitos e da troca com os outros colegas, me identifico com a postura que Paulo Freire fala, de professor mediador, orientador.
Durante minhas ensinagens busquei promover o diálogo, diversificando as atividades e tendo como principal objetivo, atender o interesse do educando, também, sob a luz dos ensinamentos de Fernández que nos diz: “Para aprender, necessitam-se dois personagens (ensinante e aprendente) e um vínculo que se estabelece entre ambos. (...) Não aprendemos de qualquer um, aprendemos daquele a quem outorgamos confiança e direito de ensinar” (Fernández, 1991, p. 47 e 52). Assim concluo meu estágio, com a certeza de que contribui, para com o processo de construção do conhecimento, de cada sujeito inserido na turma. Talvez, tenha atingido alguns mais, outros menos, mas de uma ou de outra forma, ouve o crescimento. O que me traz muita satisfação e com a sensação de estar cumprindo com meu dever, pois eles serão meus alunos até o final do ano letivo e continuarei desenvolvendo a autonomia exercendo a autoridade sendo uma professora orientadora, mediadora no processo da aquisição da aprendizagem dos meus alunos.
Abaixo estão imagens de desenhos dos alunos sobre a História. Antes porém, de construímos o cartaz, cada aluno contou a versão da sua história para o grande grupo.



Um comentário:

Patricia Grasel disse...

Que bom saber que as plavras de Freire estão te provocando novas ações e novas reflexões. Isso se refletirá em seu trabalho intelectual na teoriozação e principlamente nas suas ações práticas. Hoje, mas do que nunca, a posição do professor é de orientador mediador, caiu por terra a ideia que o professor era o dono do saber, hj o professor serve principlamente para provocar o aluno, para que os mesmo construa seu conhecimento através do ambiente inserido.

Parabéns querda, adorei sua reflexão e sua postagem.