segunda-feira, 19 de abril de 2010

Refletindo Sobre Alfabetização

Ao longo da história, a leitura e a escrita foram privilégio de poucos que, após esse primeiro aprendizado, continuavam seus estudos. Com o passar do tempo, mais pessoas se alfabetizaram, mas os índices avançaram em um ritmo muito lento. Hoje, caminhamos para a universalização da educação básica, porém desigualdades estiveram presentes em matéria de escolarização, pois apenas uma minoria tinha esse direito básico atendido.

Enquanto o IBGE, em suas estatísticas, considera alfabetizada a pessoa capaz de ler e escrever pelo menos um bilhete simplesmente no idioma que conhece, o conceito de alfabetização foi ampliado, chegando-se a considerar alfabetizado aquele que “sabe usar a leitura e a escrita para exercer uma prática social em que a escrita é necessária” (Magda Soares, 2003).

Nessa perspectiva de uma educação de igualdade e Boa Escola para todos, o governo do Estado do Rio grande do Sul tem investido fortemente na busca de uma educação transformadora e de qualidade, visando-a desde os primeiros anos do Ensino Fundamental. Com estas concepções, desde 2009, temos a implantação de Programas de Alfabetização nas Escolas Gaúchas. A instituição em que estou realizando meu estágio aderiu o Programa Alfa e Beto de Alfabetização, do Instituto Alfa e Beto. É um programa fechado, cronometrado e traz o método Metafônico. Segundo João Batista Araújo, autor e orientador do programa, o método é uma forma de alfabetizar ludicamente, embora sendo uma rotina bem intensa para a faixa etária.

As crianças devem estar na escola, estar na escola, é importante para a socialização, porém somente isso não garante o desenvolvimento das competências cognitivas necessárias, para dar continuidade da escolarização com sucesso. Essa afirmação implica refletir sobre quais conhecimentos são mais relevantes e quais competências e habilidades são imprescindíveis para o cotidiano de nossas crianças na sociedade letrada. Portanto, é preciso dar as crianças acesso às diferentes áreas do conhecimento, assegurando-lhes a inserção social para além da escola.


(...) processo de pensar as ações de sala de aula de modo amplo e abrangente, é um meio para facilitar e viabilizar a organização do trabalho e os atendimentos às necessidades dos alunos; é uma atitude crítica do educador diante de seu trabalho docente. Planejar é assumir e vivenciar a prática social docente como processo de reflexão permanente. (SMOLE, 1996, p.175)

Não basta apenas saber o que significa e quais as implicações de saber ler e escrever aos seis anos. A alfabetização exige, além de domínio teórico, compromisso, solidariedade, responsabilidade no enfrentamento da questão, um trabalho de envolvimento dos diferentes sujeitos do processo ensino-aprendizagem.

Para Freire, (1996, p.56) em Pedagogia do Oprimido: O mundo da cultura que se alonga em mundo da história é um mundo de liberdade, de opção, de decisão, mundo de possibilidade em que a decência pode ser negada, a liberdade ofendida e recusada.

A sala de aula é realmente um espaço mágico, nela acontecem diferentes situações, descobertas, principalmente quando as crianças estão no período do ciclo da vida que diz respeito à segunda infância, mais precisamente na idade dos cinco a seis anos.

Segundo Cunha (1999, p.27), o sujeito será sempre o resultado da “interação da informação hereditária com seu meio, de maneira que, como salienta Piaget, ao analisar o resultado da interação, não se pode atribuir importância menor nem ao sujeito nem ao meio, na sua constituição”, o que significa que a causalidade não pode ser atribuída a um deles apenas. CUNHA, 1999, P. 27 apud de MARQUES, 2005, p. 02.

Dentro dessa perspectiva percebo a importância de proporcionar a criança condições de interagir com os demais em um ambiente propício para aprendizagem, não subestimando a capacidade destes sujeito de aprender, principalmente do sujeito enquanto criança.

Todos os aspectos de desenvolvimento físico, emocional, social e cognitivo continuam inter-relacionados, neste período. O comportamento é predominante egocêntrico, mas a compreensão da perceptiva, o brincar, a criatividade e imaginação tornam-se mais elaborados. A independência, o autocontrole e cuidado próprio aumentam, porém a família ainda é o núcleo da vida, embora outras pessoas, de suas relações comecem a ter importância.

Um comentário:

Patricia Grasel disse...

Anete querida,

Legal ler sobre o que vc pensa sobre a alfabetização.
Realmente hoje caminhamos para a universalização da educação básica, no entanto, as desigualdades ainda estão presentes. Por outro lado com a grande oferta de educação a distância as possibilidades de aumentar o acesso a educação é significatovp, sem falar nos planos do governo para o EJA.
Bjos