segunda-feira, 24 de maio de 2010

Aprendizagens Significativas

Meu estágio está transcorrendo sem maiores problemas. Porém tem momentos em que sinto um desconforto interior referente às minhas práticas pedagógicas. Às vezes tenho a sensação de que estou cometendo uma violência, por não estar “considerando” o conhecimento prévio que as crianças trazem consigo para a Escola, porque em alguns planejamentos isto se torna impossível, pois são prontos e não é possível a flexibilidade para alguma alteração.
Leio e releio buscando “memorizar” as práticas pedagógicas do dia seguinte. Digo memorizando porque minha tarefa é reproduzir exatamente o planejamento, conforme os manuais do Programa trazem. Desenvolver essa prática que eu não criei que na maioria das vezes não condiz com a realidade e necessidade das crianças é pra mim, algo que não está sendo muito fácil.
Como podemos criar, planejar uma aula e saber se ela realmente contempla a necessidade, a realidade, o contexto deste aluno sem conhece – lo?
Este método exige que o aluno seja disciplinado e que tenha banido dos seus desejos, o desejo de brincar. Espaço para a recreação? Nem pensar! È preciso dar conta do programa, do contrário, corre-se o risco de o aluno não apropriar- se deste conhecimento que lhe é apresentado através deste método, chamado Metafônico, que este Programa de Alfabetização traz . Esta situação me remete às palavras de Carlos Drummond Andrade, quando diz: "Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem."
Nestes últimos dias, as crianças estão muito agitadas e apáticas para o aprendizado. O tempo chuvoso e úmido há quase duas semanas, não possibilitou a ida delas ao pátio da escola para brincar, correr, gastar um pouco da imensidão de energia que elas possuem. Embora não tendo este “direito”, quando estão inquietos demais, os levo por dez a quinze minutos para o pátio. Por isso, acredito que a falta de brincar, correr tenha sido outro fator, que também contribuiu para o comportamento anteriormente descrito à aprendizagem, foi a intensa movimentação na escola devido à organização da festividade, alusiva ao Dia das Mães e a escolha do garoto (a) e Broto (a) Januário Corrêa transcorrida ontem, sábado dia 22/05.
Na turma todos os alunos são novos na escola, vindos de Escolas de Educação Infantil, qualquer alteração na rotina da escola ou da aula é o suficiente para sentirem-se inseguros e agitados. Na maioria do tempo, enquanto transcorre a aula, eles têm como o desejo maior da turma, o brincar.
Refletindo sobre o saldo das aulas, decidi então seguir as orientações dos meus supervisores, embora não poderia, pois este Programa de Alfabetização, Alfa e Beto, não permite qualquer alteração, porque não pode - se correr o risco de não dar conta do programado dentro do tempo determinado por ele. Mas de que adiantaria ou qual contribuição para a aprendizagem, àquela situação de “indisciplina”, somaria?
Foi então, que busquei trabalhar Mapa Conceitual, antes, porém fiz a alteração necessária no planejamento de sexta feira, dia 21/05. Substitui os exercícios do Manual da Consciência Fonêmica: Exercícios 9 e 10. Porém, este tempo não foi suficiente. Foi preciso também, ocupar o espaço de tempo reservado para a realização das atividades do livro Aprender a Ler – Bloco Correto: Exercícios 23 a 25 e, ainda a Aula 14 de Ciências , porque as crianças levaram muito tempo para fazer as ilustrações da seqüência da “história”- Parlenda. No principio, os alunos ficaram aflitos com a proposta, pois eles tinham que prestar atenção compreender e interpretar para realizar o mapa conceitual. Pedi que realizassem as ilustrações conforme os acontecimentos e seqüência. Depois pedi que me contassem a história na ordem e fizessem as ligações entre os acontecimentos. Foi bastante construtivo, porque desafiou os alunos e foi possível perceber o quanto essa forma de alfabetizar, com tudo pronto, deixa o aluno bloqueado para a criatividade.
Tenho observado durante estas últimas aulas, que as crianças tem mais facilidade de ler ( lêem com alegria e empolgação) as palavras citadas por eles e tendo a participação deles na escrita destas palavras na lousa. É notório que as crianças têm mais facilidade de ler, diferente das palavras que o programa traz. È a questão do partir do próprio aluno.

Exemplo: palavras criadas pela turma:
navio - banana - danado - caniço - Neide - Renata - nata - natureza - nada -

São palavras que trouxeram algum significado para eles.

Palavras do programa

Nini - numa - nenê - nulo- neli - nunu

São palavras vazias de significado, logo não acontece o esperado.


Imagem do MC da Parlenda: A galinha Pintadinha da aluna Eduarda ( atividade realizada na sexta - feira)

Um comentário:

Patricia Grasel disse...

Parabéns Anete pela postagem. Vc faz uma reflexão muito profunda sobre sua prática pedagógica, relaciona suas aprendizagens da teoria com a prática e discute isso em sua prática de estágio. Realmente o momento de se questionar, se avaliar, rever, inventar, ousar é agora. Vá lá Anete e mostre que vc é capaz!