segunda-feira, 10 de maio de 2010

Ao abrir das cortinas

O ato de ler e escrever deve começar a partir de uma compreensão muito abrangente do ato de ler o mundo, coisa que os seres humanos fazem antes de ler a palavra. Até mesmo historicamente, os seres humanos primeiro mudaram o mundo, depois revelaram o mundo e a seguir escreveram as palavras. Paulo Freire.
Esta fala de Paulo Freire me leva a refletir sobre minha sala de aula. Tenho vivenciado a perda de momentos e ou, situações que poderiam ser o ponto de partida para um fazer pedagógico provocador, motivador, que certamente envolveria o aluno, sua história seu mundo. Isto tem acontecido por estar atuando numa turma de primeiro ano, tendo que trabalhar o Método Fônico. È um Programa de Alfabetização que vem pronto. Portanto, não contempla a leitura do mundo do aluno, nem datas comemorativas ou qualquer outro evento que o calendário escolar tenha em sua programação, o que é uma lástima, porque muitos momentos ricos para uma aprendizagem significativa, relevante para o educando, se perde infelizmente, pois existe um tempo determinado para a execução das práticas que devem ser aplicadas dentro dos prazos. O brincar é banido quase que na sua totalidade, do contrário não é possível dar conta da programação.
De acordo com autores, percebo que a relação dos alunos com a leitura e a escrita dependerá de como ele será apresentado aos primeiros textos e de como isto será trabalhado pela família, pela escola e por entidades que desenvolvem um trabalho com responsabilidade. Temos alunos que apresentam dificuldades de decifração dos códigos, a falta de hábito para a leitura e a falta de preparo de adultos para motivar a leitura acabam ocasionando uma escrita também limitada e pouco reveladora das potencialidades de nossas crianças e pouco útil para o exercício de cidadania.
No transcorrer das aulas da última semana, ficou evidente a importância de trabalhar a partir do conhecimento prévio que o aluno traz consigo. Cada um tem sua bagagem que não poderá ser ignorada, é aí que entra o método de ensino, não podemos citar este ou aquele método e afirmar que o mesmo é único e sim bom é aquele método que leva o educando ao encontro da construção do seu próprio saber. Não podemos ignorar fatos, datas importantes do cotidiano do aluno, pois estes podem ser os horizontes para uma aprendizagem significativa.

Maria Izabel da Cunha em “O Bom Professor e sua Prática”, fala da responsabilidade do professor e da necessidade de constante aprendizagem docente para eliminar transtornos entre professor e alunos, que desestimulam o interesse que pode existir por ambas as partes. Diz que a formação do professor é um processo, que acontece no interior das condições históricas em que ele mesmo vive que faz parte de uma realidade concreta e determinada, que não é estática e definitiva e, sim, uma realidade que se faz no cotidiano. Por isso, é importante que este cotidiano seja desvendado. Afirma a autora:
Por fim, novamente levanto a importância que os programas de formação e de educação de professores precisam dar à dualidade competência técnica e compromisso político. Uma pedagogia transformadora só se dará com o concurso de ambas as dimensões. O esclarecimento do significado de cada uma é fundamental para que se operacionalize uma prática eficiente e comprometida. Mas ficam algumas certezas: somente um mutirão, um esforço coletivo pode transformar vidas e proporcionar uma nova leitura de mundo onde cada novo dia se abre como uma página nova a ser escrita. Somente a educação pode fazer com que cada cidadão seja personagem principal de sua história e autor livre de cada capítulo de sua vida. E somente o trabalho desinteressado de pessoas que “doam de si sem pensar em si” pode assinar embaixo das histórias de vida de pessoas que exercem seus direitos, sobretudo o direito de ser feliz.

2 comentários:

Patricia Grasel disse...

Anete querida,
Gostei de sua postagem, vc faz uma crítica bem relevante referente aos programas fechados do governo. Realmente é complicado ser professor e ir para sala de aula replicar o que um programa nos orienta, como se todas as turmas e alunos fossem iguais.
Excelente sua escrita referente a importância da leitura, gostei também pq vc faz sua reflexão com base em teóricos, isso sustenta melhor sua argumentação.
Minha dica para vc é que nas próximas postagens vc escreva mais focado no que tem feito em sua prática de estágio e o como isso tem refletido em sua ação como professora, uma postagem mais sucinta, menor.
Bjo

Patricia Grasel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.